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O Abaporu de Tarsila do Amaral: Uma Obra-Prima que Representa a Identidade do Brasil Moderno

O Abaporu de Tarsila do Amaral é sem dúvida uma das obras de arte mais famosas e emblemáticas do mundo. Considerada uma das precursoras do movimento modernista brasileiro, essa obra-prima simboliza não apenas a genialidade da artista, mas também o surgimento de uma identidade cultural do Brasil moderno. Com uma história de amor por trás e seu significado impactante, o Abaporu transcende as fronteiras da arte e se torna um ícone do patrimônio cultural brasileiro.

A História de Amor por Trás do Abaporu

Quadro Obaporu
Quadro Obaporu

Tarsila do Amaral, oriunda de uma família abastada, estudava em Paris quando seus amigos organizaram a Semana de Arte Moderna de 1922 no Brasil. Mesmo distante, ela acompanhou cada detalhe desse marco cultural graças às correspondências enviadas por sua amiga Anita Malfatti. Foi nesse contexto que Tarsila conheceu Oswald de Andrade, um dos grandes expoentes do movimento modernista no Brasil.

O casal Tarsila e Oswald era composto por personalidades distintas. Enquanto Tarsila era tímida, contemplativa e estudiosa, Oswald era comunicativo, impulsivo e agitado. No entanto, essas diferenças se complementavam e resultaram em uma união que marcaria a história da arte brasileira. Dentre as várias provas de amor trocadas entre eles, destaca-se o presente que Tarsila deu a Oswald: o Abaporu.

O Abaporu: Uma Obra que Resignifica e Inspira

Ao receber o Abaporu de Tarsila, Oswald foi profundamente inspirado e o quadro ganhou um novo significado. Essa obra singular tornou-se a semente do movimento antropofágico, que foi um dos pilares do modernismo brasileiro. O termo “antropofagia” remete à ideia de devorar, assimilar e reinventar elementos de outras culturas. No caso do Abaporu, a figura retratada mistura características indígenas com uma forma humana devoradora, expressando a essência da cultura brasileira em constante evolução.

A Semana de Arte Moderna de 1922, além de influenciar a arte e a cultura do país, também contou com a participação de figuras boêmias que enriqueceram o movimento. Em 1928, os modernistas se reuniram em um restaurante na zona norte de São Paulo e, ao observarem seus pratos, tiveram um insight revelador. Tarsila olhou para sua refeição e exclamou: “Gente, nós estamos comendo gente!”. Esse episódio ilustrou a concepção antropofágica do movimento, mostrando a relação do ser humano com sua própria história e evolução.

O Legado e as Reviravoltas na Jornada do Abaporu

O movimento antropofágico também influenciou jovens artistas, como Patrícia Galvão, mais conhecida como Pagu. Com apenas 17 anos, Pagu se encantou não apenas pelo movimento, mas também pelo mentor Oswald de Andrade. Ela buscava uma forma de se libertar das amarras familiares e viu em Oswald uma oportunidade de escapar dessa realidade. Os dois se casaram, porém, a relação não obteve sucesso no campo político, levando Pagu a se dedicar ao teatro.

Enquanto isso, Tarsila descobriu a traição de Oswald ao fugir com Pagu, o que resultou na separação do casal. Naquele momento, Tarsila fez apenas uma exigência: a devolução do Abaporu. No entanto, Oswald vendeu a obra em troca de algo diferente. Tarsila manteve o quadro consigo, guardando-o em seu quarto, mas, eventualmente, precisou vendê-lo por motivos financeiros. Pietro Maria Bardi se interessou pela obra e a adquiriu, estabelecendo a condição de que o quadro permanecesse no Brasil.

Infelizmente, a expectativa de Tarsila foi frustrada. Bardi vendeu o Abaporu para fora do país, e a obra nunca mais retornou ao Brasil. Essa perda causou uma dor profunda na artista, que viu seu querido Abaporu partir para longe. Atualmente, o quadro está exposto no Museu de Arte Latino-Americana, em Buenos Aires, onde continua a encantar admiradores da arte em todo o mundo.

A Importância do Abaporu na Arte Brasileira

O Abaporu de Tarsila do Amaral transcende a sua forma artística e se torna um símbolo marcante do Brasil moderno. Sua figura icônica, com proporções exageradas e elementos culturais brasileiros, representa não apenas a genialidade da artista, mas também a busca pela identidade nacional e a valorização das raízes culturais do país.

Essa obra-prima de Tarsila do Amaral, juntamente com outras de suas criações, como “A Negra” e “Operários”, destacam-se como ícones do movimento modernista brasileiro. Tarsila foi pioneira ao retratar o Brasil com uma linguagem artística única, rompendo com os padrões acadêmicos e buscando uma representação mais autêntica e vibrante.

O Abaporu e outras obras de Tarsila do Amaral são uma celebração da diversidade cultural e da riqueza artística do Brasil. Suas cores intensas, formas expressivas e temáticas impactantes continuam a inspirar artistas e entusiastas da arte, mantendo vivo o legado dessa importante figura da história da arte brasileira.

Obras de Tarsila do Amaral

Aqui estão algumas das obras mais conhecidas e representativas de Tarsila do Amaral:

ObraAno
Abaporu1928
A Negra1923
Operários1933
Antropofagia1929
Urutu1928
O Mamoeiro1925

Essas obras exemplificam a genialidade e a contribuição significativa de Tarsila do Amaral para a arte brasileira e para o movimento modernista. Cada uma delas carrega uma história e uma mensagem que refletem a identidade cultural do Brasil e o talento inigualável da artista.

Em resumo, o Abaporu de Tarsila do Amaral representa muito mais do que uma simples obra de arte. É um ícone do movimento modernista brasileiro, uma manifestação de amor e um símbolo da identidade cultural do país. Através de suas formas e cores únicas, o Abaporu continua a encantar e inspirar pessoas ao redor do mundo, eternizando o legado de Tarsila do Amaral na história da arte.